13/03/2007

Poluição ‘mata’ duas vezes

A poluição atmosférica é a questão que mais (?) preocupa o presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo (CCDRLVT).
Lamentando o estado a que a capital chegou, o presidente deste organismo governamental declara que "Lisboa está suja, desordenada, com estacionamento caótico e muito poluída" e, se nada for feito para inverter o avanço da poluição ambiental e da degradação da qualidade do espaço público de Lisboa, a breve trecho, a capital verá ameaçadas a sua imagem e pretensão em matéria de competitividade no contexto europeu. E acrescenta que “é bom que as pessoas saibam que, em Lisboa, 80 % da poluição medida tem origem nos combustíveis fósseis utilizados pelos automóveis” e que “apenas 20% da poluição é de origem industrial".
E qual é então a solução preconizada?
Começando por lamentar que o presidente da CML tenha afirmado que não defende a adopção de medidas radicais para a contenção do transporte individual na cidade, afirma que "apenas se tem dito que não às portagens à entrada da cidade, mas não se apresentam alternativas. Enquanto isso, a situação da cidade vai piorando de dia para dia".
Já cá faltava o (in)feliz desenlace poluição igual a portagenzinhas...
Por consequência, estará calamitosamente em causa “a estratégia de desenvolvimento e competitividade para a própria região metropolitana de Lisboa que está ameaçada. Senão vejamos: a área metropolitana tem potencialidades e condições naturais únicas para ser competitiva no contexto europeu. Mas Lisboa, sendo o 'coração' de toda esta região, não pode continuar a 'viver ou a sobreviver' se estiver doente. Quem é que vai querer investir numa cidade com estacionamento caótico? Ou quem é que quer visitar uma cidade cada vez mais suja e poluída?".
È então aqui que rapidamente deve ser imposta a adopção das preconizadas medidas minimizadoras da poluição ambiental: "Não tem que ser a CCDRLVT a dizer o que deve ser feito. Cabe às autoridades locais fazerem-no e há um leque de soluções possíveis, algumas delas já experimentadas noutras capitais europeias". E qual inevitabilidade neste contexto, ou coelho saído de uma cartola mágica, a solução só (?) podia ser através do condicionamento da circulação automóvel nas áreas centrais da cidade. E dá um exemplo: a circulação alternada de veículos (com base nas matrículas).
Bem, sobre isso já foi explicado em artigos redigidos neste blog e no boletim ‘Contacto Verde’ 2. A poluição prejudica a economia e o ambiente (dois mata um).
Mas afinal, quem tem medo do ordenamento do território e do uso de transportes públicos de qualidade, intermodais e com uma frequência regular? Porque se continua a investir em novas rodovias intermunicipais? Para trazer mais viaturas para os centros urbanos? Não será mais atraente do ponto de vista económico e sustentável do ponto de vista ambiental atrair as pessoas para viverem nos centros das cidades, dispensando o movimento pendular, diário, das entradas e saídas de veículos?
Apenas se lamenta que se insista em escrever ‘no molhado’. E já sabemos que ‘água mole em pedra dura…’

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