25/07/2007

Os custos do clima

Só nos últimos 40 anos, as dez maiores catástrofes naturais, como sejam temperaturas extremas, cheias, incêndios e secas, fizeram 2636 mortos e provocaram um prejuízo económico de cerca de 3700 milhões de euros. O ano de 2003 é tido como o pior de que há registo no período em causa, em que se assinalaram mais de 2000 mortes e prejuízos superiores a mil milhões de euros, associados a alterações no clima.
Os dados, adiantados por um especialista em Economia das Catástrofes, clarificam porque “todos os fenómenos meteorológicos, incluindo as secas, vão aumentar no futuro as vulnerabilidades para as pessoas e património”. Por esse motivo, “é importante que se faça uma gestão adequada dos recursos hídricos” e, concretamente, “todas as soluções e comportamentos que contribuam para poupar água são positivos”.
De acordo com este investigador, citando dados do Centre for Research on the Epidemiology of Disasters, nesse ano os incêndios tiveram um impacto na economia portuguesa de cerca de 1.291 milhões de euros. Os fogos florestais foram também responsáveis pelo segundo pior ano em matéria de impactos económicos em Portugal nas quatro últimas décadas, com custos de 1.231 milhões de euros. Os impactos destes fenómenos fizeram-se sentir também em termos sociais. Em Agosto de 2003, as temperaturas extremas vitimaram 2007 pessoas. Pior só nas cheias de Novembro de 1967 que mataram 462 portugueses.
Face a estes dados o investigador não estranha que, desde 1975, três secas tenham custado a Portugal mais de 1800 milhões de euros, de acordo com o relatório divulgado na semana passada pela Comissão Europeia 1.
Paralelamente, o Instituto Português da Juventude (IPJ) volta a ter a seu cargo o programa de ‘Voluntariado Jovem para as Florestas’, que vai já na sua 4ª edição, sendo apoiado pelo projecto ‘Compro o que é nosso’.
O programa reúne, este ano, sete mil voluntários em Portugal continental, com idades compreendidas entre os 18 e os 30 anos, e tem como objectivos a preservação dos recursos florestais e a prevenção contra os incêndios florestais. As últimas três edições desta iniciativa totalizaram uma participação de 25 mil voluntários.
Desde a primeira quinzena de Julho que o programa funciona nos 18 distritos de Portugal continental. Os voluntários que integram o programa recebem formação geral (relações interpessoais, direitos e deveres), ministrada pelo IPJ, e formação específica (normas e regulamentos, flora, orientação, cartografia e progressão no terreno, sinais de alerta e comunicações, técnicas de reflorestação), ministrada pelos Serviços da Protecção Civil.
Esta formação confere aos jovens aptidões para sensibilizar as populações para o risco de incêndio, vigiar as áreas delimitadas pelas entidades locais coordenadoras, limpar o lixo das áreas florestais e dos perímetros urbanos, manter e recuperar caminhos e terrenos, participar nos trabalhos para inventariar as necessidades de intervenção em termos de limpeza e registo de ocorrências, de modo a que, em colaboração com a Direcção-Geral dos Recursos Florestais, se consiga reunir dados para programação de acções futuras 2.
No distrito de Lisboa a iniciativa conta com 150 voluntários, unidos na prevenção contra os incêndios florestais 3.

1. Ver
www.ambienteonline.pt/noticias/detalhes.php?id=5430
2. Ver www.oln.pt/noticias.asp?id=13239&secc=1
3. Ver Destak 2007-07-25, p. 2

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