03/01/2008

Pãozinho sem sal

Nem o pão dito ‘sem sal’ escapa. O integral também tem excesso de sal. E se ao pão juntarmos o acompanhamento - manteiga, queijo ou fiambre - só aqui, neste aparentemente inofensivo lanche, ultrapassámos em muito a dose diária de sal recomendada pela OMS.
“Os portugueses habituaram-se a elevados consumos de sal. É como uma toxicodependência, pois o paladar está adaptado a elevados teores de sal nos alimentos” 1, afirma o Presidente da Sociedade Portuguesa de Hipertensão 2.
Fazendo uma análise comparativa, o pão português tem, em média, quase o dobro do sal dos pães do resto da Europa 3.
O que não aparece explicado é que um dos motivos para este excesso de sal se explica porque, como o sal - tal como o gelo/água nas embalagens congeladas - tem peso, o preço por quilo do pão é mais elevado. Logo, mais caro para os consumidores, mas dando mais lucro aos produtores e distribuidores.
Há “razões económicas” para a recusa da indústria em mudar: quanto mais sal há nos alimentos mais estes retêm água e ficam mais pesados, o que sai mais barato ao produtor porque implica o uso de menos farinha, explica um cardiologista. Ao mesmo tempo, “os produtos salgados estimulam a sede”, o que promove a indústria das cervejas e refrigerantes 4.
O problema é que a Fundação Portuguesa de Cardiologia tenta há vários anos convencer a indústria da panificação a reduzir o sal. Mas os apelos têm tido pouco sucesso, pois os industriais não aparentam ser 'pãozinho sem sal'.

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