14/03/2008

Por uma ponte ferroviária

Mesmo que o Governo avance com uma terceira travessia rodoviária além de ferroviária, a nova ponte sobre o rio Tejo não irá tirar trânsito na ponte 25 de Abril. Esta foi uma das conclusões do debate organizado ontem pela Sociedade de Geografia de Lisboa e que juntou vários especialistas da área de transportes.
Um dos professores do IST presente no debate não defende localizações concretas, nem se a travessia deve ser feita por ponte ou túnel, mas garante que “não tuge nem muge” no trânsito da ponte 25 de Abril. Por isso mesmo, defende que “deve ser apenas ferroviária”, podendo ser construída de modo a que no futuro, em caso de necessidade, possa via a ser também rodoviária.
Outros dos conferencistas, e que colaborou nos estudos sobre a localização do novo aeroporto de Lisboa, defende também que, inicialmente, deve ser apenas ferroviária. E lembra ainda “o impacto visual” que a travessia terá se ligar Chelas/Barreiro e o que pode significar para as actividades do Porto de Lisboa que, na sua opinião e estranhamente, “ainda não falou no assunto”. Segundo este especialista em transportes “há documentos oficiais da APL (…) que exigem como valores mínimos, pontes com 900 metros de vão, para que os navios operem em segurança”.
Em suma, para além de estragar as ‘vistas’a nova travessia não tira carros da ponte 25 de Abril. A operacionalidade e o ‘impacto visual’ da travessia foram questões abordadas por outros intervenientes. Alguns defenderam também que a travessia seja feita por túnel, mas reconheceram serem necessários mais estudos nesta área 1.
Entretanto, quatro associações ambientalistas manifestaram a sua ‘oposição’ à construção de uma terceira travessia rodoviária do Tejo em Lisboa, considerando-a “desnecessária, cara e com impactes ambientais excessivos”, visto serem “em princípio, favoráveis à concretização de novas travessias ferroviárias, na medida do necessário, desde que com objectivos claros, optimizando as infraestruturas existentes e numa lógica de sistema integrado de transportes da Área Metropolitana”.
As associações opõem-se à construção no futuro próximo de uma terceira travessia rodoviária do Tejo em Lisboa, “em qualquer localização”, uma vez que a consideram “desnecessária, cara, com impactes ambientais excessivos e mesmo contraproducente para a mobilidade” na Área Metropolitana de Lisboa.
“A construção de tal travessia seria um investimento avultado e com impactes gravosos, que tudo indica ter uma relação custo-benefício muito negativa. Além disso, tal decisão é ilegal, na ausência de uma avaliação de impactes” ambientais, acrescentam 2.

1 comentário:

Anónimo disse...

Se não for construída uma nova travessia rodoviária a breve prazo a ponte 25 de Abril vai ficar saturada e vamos voltar a ter sistemáticas filas com mais de 10 km de carros praticamente parados até à ponte, para entrar em Lisboa. Era isso que acontecia na década de 70, antes do alargamento do tabuleiro, a construção da linha da Fertagus e da ponte Vasco da Gama.
A construção do aeroporto na zona de Alcochete aconselharia a construção de mais uma travessia rodoviária, que a não ser feita, o resultado só poderá ser a sobrecarrega da ponte Vasco da Gama.
Há que contar com a explosão demográfica nos últimos anos na outra margem do rio. Lisboa está rodeada a norte por uma cadeia de serranias e o seu natural crescimento já está sendo e será para sul, uma zona plana. Quem tiver dúvidas, dê uma volta pelo Montijo e repare no número habitações em construção.

Zé da Burra o Alentejano