30/05/2008

“Os Verdes” exigem suspensão do troço Buraca/Pontinha

O Partido Ecologista “Os Verdes” exigiu ontem que o Ministério das Obras Públicas suspenda ou corrija as conclusões do estudo relativo ao troço Buraca/Pontinha da CRIL que considera constituir “um perigo para a vida dos futuros utentes”.
A obra adjudicada em Novembro de 2007 “representa um perigo concreto para a vida ou integridade física dos futuros utentes desta via”, de acordo com um estudo do Observatório de Segurança de Estradas e Cidades (OSEC) citado hoje pelo deputado ecologista José Miguel Gonçalves na Assembleia da República.
O estudo demonstrará que o traçado não cumpre as normas de segurança, apresentando por exemplo curvas que não são compatíveis com as velocidades previstas, com inclinação insuficiente para contrariar o efeito da aceleração centrífuga, em lombas que impedem que o condutor veja atempadamente eventuais obstáculos na via ou que exigem reduções bruscas na velocidade de rolamento.
O deputado declarou a preferência do Partido Ecologista para que o traçado passasse na zona da Falagueira/Venda-Nova, uma das hipóteses que chegou a ser discutida antes de a escolha incidir na zona de Buraca/Pontinha.
“A nosso entender, esta alternativa apresentaria inegáveis vantagens, quer na salvaguarda do interesse das populações, uma vez que não atravessaria urbanizações já instaladas, quer na salvaguarda da segurança rodoviária e da própria função desta obra pública, uma vez que permitiria que todo o traçado se desenhasse numa curva larga, ao invés de se 'serpentear' pelo meio do património edificado”, justificou o deputado.
O traçado não cumpre ainda a Declaração de Impacte Ambiental (DIA), para a zona que atravessa os bairros de Santa Cruz e da Damaia, no que diz respeito ao “atravessamento desta zona em túnel”, segundo José Miguel Gonçalves.
O que actualmente está previsto executar “não se trata de um atravessamento em túnel, mas sim em canal aberto, ocorrendo também um aumento do número de faixas de rodagem, que eram de três para cada lado, para quatro vias em cada sentido”, defendeu.
José Miguel Gonçalves considera que a “violação da DIA coloca em causa a qualidade de vida dos cidadãos que residem nesta zona, afectando a qualidade do ar", "elevando os níveis de ruído” e “colocando uma barreira física à circulação dos moradores, para além de não permitir a requalificação e o aproveitamento desta área como uma zona de lazer”.
O aumento das faixas implicará “a demolição dos quintais de dezenas de vivendas” que vão passar a estar “paredes-meias com o referido canal, onde se prevê que possam circular cerca de 120 mil veículos diariamente”, acrescenta o deputado.
A alegada violação foi já denunciada pela Agência Portuguesa do Ambiente, em carta dirigida aos moradores.
O deputado acusa o governo de um recorrente “desrespeito pelos estudos de avaliação de impacte ambiental” e de “um desprezo e uma desvalorização da participação dos cidadãos nas consultas públicas que, no caso, recebeu mais de mil contributos”.
Sobre os presumíveis prejuízos da alegada violação, o deputado alerta que “amanhã terá de se investir em medidas minimizadoras desses impactes e na requalificação da zona afectada” e “mais tarde” na “reposição do passivo de saúde pública provocado pelas obras presentes”.

Ver Lusa doc. nº 8378772, 2008-05-28 - 19:21
Ler mais informações no URL www.cril-segura.com

1 comentário:

EcoTretas disse...

Deviam de ter todos muita vergonha. A CRIL é a obra de que Lisboa mais necessita nos últimos 20 anos. A quantidade que se pouparia em termos de CO2 seria brutal, mas isso nem sequer é o mais importante. Deixem-se de tretas, e proponham soluções a sério.

http://ecotretas.blogspot.com