15/06/2008

Edifícios energeticamente eficientes

Segundo a opinião de um conjunto de especialistas, a eficiência energética será, num futuro próximo, um dos principais elementos diferenciadores na hora de um eventual comprador escolher um apartamento, o que tem levado os investidores a concentram futuras atenções na classificação energética dos edifícios. Tentemos perceber os motivos desta opção.
Num momento em que o preço dos combustíveis continua a bater recordes, fazendo encarecer o preço da energia, parece não haver dúvidas de que o futuro irá passar pelos edifícios energeticamente eficientes. “As vantagens deste tipo de edifícios são cada vez mais valorizadas face aos restantes, o que tem atraído muitos investidores. Por exemplo, nos EUA e em Espanha, o número de projectos ‘verdes’ já é surpreendente”, revela o presidente do Green Building Council Brasil. “Inicialmente, os investidores mostravam algum receio devido à questão dos custos, mas hoje está provado que os edifícios energeticamente eficientes são muito mais lucrativos” (sublinhado nosso).
Essa evidência é reforçada pelo director técnico da PREA, que vê este tipo de edifícios a atingirem, no futuro, um grau de competitividade bastante elevado. “Existem poucas dúvidas de que estes edifícios serão uma mais-valia para quem neles investir, possuindo elementos diferenciadores que lhes irão garantir vantagens competitivas no mercado”, referiu este responsável, durante uma conferência organizada, pela revista Vida Imobiliária, na passada semana, em Lisboa.
Também um economista e professor universitário presente na conferência, disse não ter dúvidas de que a eficiência energética “irá condicionar o valor final de um edifício”. Ou seja, “no futuro, o investidor estará com mais atenção à classificação energética do edifício, tirando daí vantagens competitivas”.

A certificação energética de edifícios, que tem vindo a ser gradualmente introduzida no nosso país desde Julho de 2007, é um bom exemplo dessa diferenciação e do reconhecimento da qualidade de um projecto. Para já, os edifícios integrados em projectos de turismo são os mais certificados, uma situação que não surpreendeu o director-geral da ADENE, que encara algumas destas certificações “como o reconhecimento, que alguns promotores pretendiam, da eficiência energética dos seus edifícios”.
Nos escritórios, o cenário não é diferente, apesar de só recentemente o mercado nacional ter acordado para esta questão. “Infelizmente, há quem ainda olhe para a eficiência energética como um custo e não como um benefício no médio/longo-prazo”, alertou uma ambientalista presente na sala.
Em Portugal 30% da energia final é consumida pelos edifícios, sendo também eles responsáveis pelo consumo de 62% do total de energia eléctrica. Segundo a administradora-delegada da E-Nova, para reduzir esta factura energética não seria preciso muito: “A diferença é que temos um clima que permitiria que os edifícios consumissem metade do que gastam actualmente, se fossem mais eficientes”.
Os construtores também se mostram comprometidos com esta meta. “Dentro em breve, tudo o que for construído em Portugal terá de contemplar aspectos como a qualidade do ar, orientação solar, baixo consumo energético dos edifícios, escolha de materiais reutilizáveis em novas construções, entre outros requisitos ambientais”, afirmou a presidente da Associação dos Industriais da Construção de Edifícios, durante uma outra conferência sobre o tema, organizada na passada semana por esta associação e pela Escola Superior de Actividades Imobiliárias 1.
Pois sim, mas para os empresários dos sectores da construção e comercialização de imobiliário, o que conta serão as “vantagens competitivas” do negócio e não, prioritariamente, a protecção ambiental.

1. Ver Caderno ‘Imobiliário’ do Público 2008-06-11, p. 10

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