03/07/2008

Das encostas do Ateneu à Mouraria

Os Terraços do Atheneu Comercial de Lisboa, na Baixa, junto ao Coliseu dos Recreios, poderão vir a abrir ao público, integrados num circuito pedonal que a CML irá protocolar com aquela centenária instituição, de acordo com vários critérios não revelados, no entanto, pelo presidente da autarquia.
A CML estará assim a negociar a abertura ao público dos espaços entre o Largo de São Domingos e desde a Rua das Portas de Santo Antão até ao Torel, com a reabilitação dos terraços e de outras infra-estruturas do Atheneu, como a piscina e outros espaços para a prática de desporto. O anúncio decorreu antes da ordem de trabalhos da reunião alargada de CML que teve lugar exactamente no Atheneu de Lisboa 1.
Interpolado pela vereadora Rita Magrinho, logo no início da sessão, sobre se os termos do acordo estariam enquadrados no PUALZE, o presidente da CML afirmou que o projecto estava porém ainda pendente de um parecer ambiental favorável da CCRLVT.
Recorda-se que também o Grupo Municipal de “Os Verdes” fizera uma visita, no ano transacto e uma visita acompanhados pela direcção do Atheneu, aos degradados terraços e campos desportivos das suas traseiras, a meia encosta para o Torel 2.
Aquela reunião de CML decorreu durante a noite de 4ª fª no Atheneu Comercial de Lisboa, na Rua das Portas de Santo Antão, e visou debater problemas dos habitantes das 11 freguesias circundantes daquela zona da cidade.
Os moradores da zona histórica do Castelo solicitaram durante a sessão de CML, a “redução de lugares destinados a cargas e descargas” e a institutos públicos, que deveriam ser devolvidos aos residentes “alegando falta de estacionamento”.
Aliás, a falta de estacionamento em várias freguesias da capital foi mesmo um dos temas recorrentes falado pelos munícipes durante a reunião, tendo o presidente da autarquia revelado que o edifício programado para lugares de estacionamento, no Chão do Loureiro, na posse da EMEL, irá ser devolvido à CML por “falta de interesse da empresa no imóvel”. O autarca reconheceu que, para revitalizar a Baixa e trazer mais famílias ao coração de Lisboa, tal implica “no presente, uma viatura por família”, e a CML terá de “estudar uma solução para o problema”.
Ainda relacionado com o trânsito e estacionamento, sempre foi adiantando que a CML estuda “um cartão de residente” para que os moradores não sejam prejudicados com coimas, ou os seus automóveis rebocados pela Polícia Municipal, pelo que o recurso a um silo automóvel seria uma das formas de resolver os problemas de estacionamento dos moradores das áreas envolventes ao Mercado do Chão do Loureiro.
As queixas dos moradores residentes, das associações e de alguns autarcas locais passaram também por inúmeros problemas de segurança relacionados com prostituição, toxicodependência e roubos, pela sujidade nas ruas, licenças urbanísticas, problemas habitacionais e pelo ruído nocturno 3.
A propósito deste tema, uma jovem mãe da Rua dos Correeiros descreveu que nem mesmo com janelas triplas consegue obter o necessário silêncio para adormecer a sua criança e que a família tem mesmo de andar de tampões nos ouvidos dentro de casa, tudo por causa dos artistas ambulantes com música electrificada e amplificada junto aos restaurantes do coração da Baixa.
Outra das grandes polémicas deveu-se à intervenção dos moradores da Freguesia do Socorro, que confrontaram o vereador dos espaços verdes sobre a inacção da autarquia perante a reavaliação do Plano de Urbanização do Núcleo Histórico da Mouraria, a recolha de lixo, a reabilitação e os arranjos dos espaço públicos. Um arquitecto do Departamento de Planeamento Urbano que se encontrava presente acabou por informar que a CML projectava concorrer a verbas do QREN, para intervir no Largo do Intendente, no Museu das Marionetas e numa bolsa local de realojamentos.
Mas os ânimos da assistência exaltaram-se quando se abordou o Projecto de Recuperação da Mouraria, com várias pessoas sentadas na assembleia, sobretudo mulheres, a interromperam a normalidade dos trabalhos quando o vereador dos espaços verdes usou da palavra para explicar a sua posição sobre o projecto de recuperação da Mouraria.
Uma das munícipes chegou mesmo a levantar-se e a interromper o vereador, dirigindo-se depois à mesa e acusando o autarca de “desconhecer a realidade da Freguesia” do Socorro, e dando-lhe recortes de jornal com artigos sobre o assunto 4.

1. Ver Lusa doc. nº 8513242, 03/07/2008 - 11:52
2. Ver
http://osverdesemlisboa.blogspot.com/2007/03/os-verdes-atentos-aos-problemas-do.html
3. Ver Lusa doc. nº 8513324, 03/07/2008 - 11:25
4. Ver
http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1334316&idCanal=59

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