24/07/2008

Estrume de gado pode gerar electricidade

A conversão do estrume do gado em fonte de energia renovável pode gerar até 3% da electricidade consumida da América do Norte e reduzir significativamente as emissões de gases com efeito de estufa (GEE).
Quem o afirma são dois investigadores da Universidade do Texas num estudo publicado ontem no jornal electrónico ‘Environment Research Letters’ do IOP (Institute of Physics), com sede em Bristol (no Reino Unido).
Segundo o estudo, constitui a primeira tentativa de quantificar o total nacional de energia renovável que as manadas de gado e outros animais podem gerar e as concomitantes reduções de emissões. O estrume do gado, quando deixado a decompor naturalmente, emite óxido nitroso e metano, dois potentes gases com efeito de estufa.
Segundo o Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas, o óxido nitroso aquece 310 vezes mais a atmosfera do que o dióxido de carbono e o metano 21 vezes mais.
O estudo agora publicado cria dois cenários hipotéticos e quantifica-os para comparar as poupanças energéticas e os benefícios da redução de emissões de gases com efeito de estufa. O primeiro é o da continuação da queima de carvão para produção de energia e da decomposição natural dos excrementos, classificado como “business as usual”, sendo o segundo o da digestão anaeróbica do estrume para criar biogás e sua posterior queima.
Através da digestão anaeróbica, semelhante ao processo de criação de composto, o estrume pode transformar-se em biogás, convertível por sua vez em electricidade por vulgares microturbinas.
Uma estimativa dos investigadores indica que as centenas de milhões de cabeças de gado existentes nos EUA podem produzir aproximadamente 100 mil milhões de quilowatts/hora de electricidade, suficientes para abastecer milhões de casas e escritórios.
Paralelamente, como a decomposição natural do estrume tem efeitos muito nocivos para o ambiente, este novo sistema de gestão de resíduos tem um potencial líquido de redução de emissões de GEE de 99 milhões de toneladas, o que eliminaria cerca de 4% das emissões geradas no país pela produção de electricidade.
A queima do biogás emitiria algum CO2, mas a emissão de centrais de queima de biogás seria inferior à das de carvão. “Face às críticas aos biocombustíveis, a produção de biogás a partir de estrume tem a vantagem menos controversa de reutilizar uma fonte de resíduos já existente e o potencial de melhorar o ambiente”, afirmam os autores da Universidade do Texas.

Ver Lusa doc. nº 8577940, 23/07/2008 - 11:18

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