05/12/2008

CML negoceia desactivação do Pavilhão Carlos Lopes

A CML vai negociar com o Instituto do Desporto a instalação do Museu do Desporto no Pavilhão Carlos Lopes, degradado há vários anos, de acordo com uma proposta aprovada na 4ª fª pelo executivo. Para o autarca, o projecto permitirá reabilitar o pavilhão e aquela zona do Parque Eduardo VII, contribuindo para “diminuir a insegurança e marginalidade”.
Mas a questão é mais profunda e os partidos da oposição na CML condenam ainda a alienação pelo Estado do Complexo Desportivo da Lapa, sublinhando que a cidade carece de equipamentos desportivos.
Para o anterior vereador do desporto, a solução seria manter a polivalência do pavilhão, tal como tinha sido apresentado ao Governo no anterior mandato. Esse projecto previa uma pista de gelo, que poderia ser tapada, e a utilização do pavilhão para a prática de modalidades desportivas individuais, como a ginástica, e até uma parte dedicada ao Museu do Desporto.
Para a vereadora comunista Rita Magrinho, o projecto “vai acabar de vez com um equipamento para a prática desportiva na cidade de Lisboa, na semana em que sabemos que o Governo decidiu acabar com o complexo desportivo da Lapa”.
A eleita considera que se trata da “usurpação” de um equipamento desportivo numa cidade que dispõe apenas de um pavilhão, o do Casal Vistoso, para a prática de modalidades federadas. “O que devíamos estar a discutir era um protocolo de cedência para que Lisboa fosse compensada do espaço que lhe está a ser retirado”, defendeu.
Os encargos, concurso e elaboração do projecto ficam agora a cargo do Instituto de Desporto mas dependentes da prévia aprovação do Município, de acordo com a proposta aprovada 1.
A vereadora comunista e antiga vereadora do Desporto qualificou mesmo de “inaceitável” que “no espaço de uma semana, o Governo acabe com dois equipamentos desportivos em Lisboa”, referindo-se também ao Pavilhão Carlos Lopes, que poderá acolher o Museu do Desporto.
Rita Magrinho teme que, mesmo que o PDM não altere o uso daqueles terrenos, e não possa haver um negócio imobiliário, o complexo outrora a “prestar um serviço público” poderá vir a acolher um “equipamento desportivo mas privado”. A vereadora sublinhou que o complexo desportivo do Casal Vistoso é o único em Lisboa que permite a prática de modalidades federadas.
Contactado, o gabinete da Ministério das Finanças explicou que “após indicação do IDP, o Estado autorizou a respectiva celebração do contrato promessa de compra e venda com a Estamo” e que o destino do imóvel ainda “está a ser estudado pela empresa”. De acordo com o site oficial do Ministério, a alienação dos terrenos à Estamo aconteceu em 2007, por um valor de 9,1 milhões de euros (valor líquido de 8,4 milhões de euros) 2.
Em suma, Lisboa perderá assim mais um complexo desportivo e um pavilhão polidesportivo dedicado a diversas actividades, onde, por exemplo, Portugal chegou a sagrar-se campeão do mundo de hóquei em patins. Recorda-se que parte das verbas oriundas do jogo do Casino se deveriam destinar à reabilitação deste ‘histórico’ equipamento desportivo do centro da capital.

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