07/01/2009

De microalga a combustível

O que têm as algas a ver com automóveis? Se a investigação conduzida na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra continuar a ser bem-sucedida, em poucos anos os carros poderão ser movidos a biodiesel produzido a partir de algas made in Portugal.
Uma equipa da Universidade de Coimbra descobriu microalga com elevada capacidade de produção de biodiesel. Meta é produzir 90 toneladas anuais de óleo por hectare. Projecto precisa de 300 mil euros para vingar, mas promete.
As perspectivas são animadoras, agora que uma equipa de investigadores identificou seis microalgas com elevada capacidade para produzir biodiesel. A grande esperança é depositada numa estirpe em particular, agora seleccionada, que nunca foi testada noutros países - razão pela qual o seu nome é ainda mantido em segredo - e que revela uma “promissora capacidade de produção”.
A questão central da investigação sobre as microalgas e a sua utilização como combustível está precisamente em saber até que ponto podem estas culturas ser economicamente rentáveis, se exploradas à escala industrial.
Ora essa é a convicção dos investigadores de Coimbra. “Para esta cultura ser economicamente rentável, temos de conseguir obter um litro de cultura por dia por cada grama de biomassa seca, o que já foi conseguido à escala laboratorial”. Os cientistas recorreram a um bio-reactor, equipamento que desenvolveram para fornecer as condições óptimas ao rápido crescimento das microalgas.
Por isso, a expectativa da equipa é a de obter uma produção anual na ordem das 90 toneladas de óleo por hectare. Para se ter uma ideia das vantagens comparativas desta cultura basta dizer que “aquele valor equivale a dez vezes mais o obtido pelas oleaginosas terrestres tradicionais para o mesmo hectare”, lembra uma investigadora. E sem os efeitos adversos das outras oleaginosas ao nível ambiental, por efeito da ocupação de extensas áreas de terrenos com vocação agrícola.
Entre os benefícios está ainda a capacidade de estas culturas de algas serem alimentadas com o dióxido de carbono emitido pelas unidades industriais próximas, o que significa que “permite retirar o dióxido de carbono da atmosfera, tendo um efeito benéfico sobre a qualidade do ar”. Por outro lado, não é necessário ocupar solos agrícolas. As culturas podem ser desenvolvidas em tanques, em ambiente fechado, o que permite um maior controlo das condições que podem afectar o crescimento das algas.
Mas não se esgotam aqui as potencialidades do cultivo de microalgas. A biomassa, em que se podem encontrar pigmentos, proteínas, açúcares, etc., pode ter utilizações nas indústrias farmacêutica ou cosmética, na alimentação animal e em fertilizantes de solos. Pode ter chegado a era do ouro verde.

Ver
http://dn.sapo.pt/2009/01/06/ciencia/alga_nacional_pode_combustivel.html

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