16/03/2009

Discurso de encerramento da XI Convenção Nacional Ecológica

O Partido Ecologista “Os Verdes” considerou hoje que os quatro anos de Governo socialista são «o rosto da desilusão», acusando o executivo de José Sócrates de ter «degradado o acesso a pilares do Estado democrático» como Saúde e Educação
No discurso de encerramento da XI Convenção Nacional Ecológica, o dirigente do PEV Francisco Madeira Lopes fez um balanço negativo do executivo socialista e aproveitou também para deixar críticas à acção do ministério do Ambiente, que considerou ter passado de «super-ministério» a «ministério rato».
Para o dirigente ecologista, com esta legislatura, o ministério tutelado por Nunes Correia «passou de um super-ministério, como era conhecido dadas as vastas competências que lhe estão atribuídas, desde a gestão de fundos comunitários à Conservação da Natureza, passando pelas aguas, resíduos, orla costeira ou ordenamento do território, para um ministério rato que se limita a guinchar ‘améns’ aos restantes ministérios, sendo absolutamente incapaz de assumir a defesa dos valores ambientais, do território e das regiões que lhe estão confiados».
«Bem longe da promessa de governar à esquerda, como era a expectativa legitima da maioria do povo português que deu uma clara maioria aos partidos de esquerda nas eleições legislativas de 2005, o PS e o Governo de José Sócrates, desenfreado com a maioria absoluta então obtida, revelou o seu verdadeiro rosto, o rosto da desilusão», afirmou Madeira Lopes.
«Não foi este Governo que prometeu não aumentar os impostos e que tanto criticou a direita pela obsessão do défice? Que prometeu alterar o pernicioso Código do Trabalho de Bagão Félix? Que prometeu o referendo ao Tratado Europeu? E que prometeu 150 mil postos de trabalho? Pois foi, foi o mesmo PS que, entretanto, assumiu ele próprio a obsessão pelo défice, tomando o lugar da direita», criticou o deputado do PEV. Francisco Madeira Lopes disse ainda que o executivo socialista encetou nos últimos quatro anos «uma raivosa campanha contra os funcionários públicos, contra os professores responsabilizando-os pelo insucesso escolar, contra os juízes, médicos e enfermeiros, agentes das forças de segurança e oficiais de justiça, contra os sindicatos e os sindicalistas».
«Foi este mesmo PS que aumentou a idade de reforma, degradou pensões e preparou uma Segurança Social indigente no futuro, que degradou através do garrote financeiro e orçamental, verdadeiros pilares de um Estado democrático como são a Saúde e a Educação», criticou, no final dos trabalho da XI Convenção do PEV, na Casa do Artista, em Lisboa.
Madeira Lopes teceu também várias críticas à política ambiental e ecológica do PS, referindo a «aprovação de todo o tipo de empreendimentos em zonas sensíveis e valiosas do território», o «corrupio de suspensões de Planos Directores Municipais», a «violação de leis de ordenamento do território» e os «Projectos de Interesse Nacional que aceleraram a apropriação privada, a invasão e a destruição irreversível de ecossistemas».
O deputado ecologista apelou ainda aos portugueses para que não renovem a maioria absoluta ao PS para que Portugal não volte a ter «mais do mesmo», pediu uma «mudança à esquerda» e lembrou «o espaço de convergência» que integra na CDU.
«Sócrates pediu uma nova maioria absoluta, para quê perguntamos nós e perguntarão os portugueses? Para mais do mesmo? Para mais do que pretendíamos todos ter arredado em 2005? É absolutamente necessário que o PS não tenha essa maioria absoluta e que a política nacional conheça uma real viragem à esquerda. Era o que os portugueses pretendiam há 4 anos e foram defraudados por este Governo. Passados quatro anos existem ainda mais motivos para que a mudança à esquerda seja desejada e se apresente como necessária», argumentou.
Segundo Madeira Lopes, o PEV está «disponível hoje como ontem para à esquerda fazer a convergência necessária, para fazer a convergência com que percebe o que está profundamente errado nas opções políticas do país».
«Esse espaço de convergência é a CDU, um espaço plural e de participação democrática que é muito mais que a soma das partes (…) alicerçamos a verdadeira convergência de esquerda, formando os braços afluentes deste grande rio vivo e de águas cristalinas e transparentes que é a CDU», afirmou.
«A actual crise precisa de respostas de esquerda porque foram políticas de direita que a originaram. Verdadeiras respostas de esquerda, capazes de introduzir profundas alterações na estrutura económica, ambiental e social e não apenas os paliativos mais que insuficientes que servem mais para o PS fazer propaganda do que para responder aos reais problemas dos portugueses», considerou o dirigente do PEV.
Como «objectivos estratégicos» do seu partido, Madeira Lopes enumerou a «regionalização, que deve avançar já na próxima legislatura» e a ideia de que é o Estado que deve «deter necessariamente sectores fundamentais como a água, a energia e os transportes públicos», à semelhança do que defendem também BE e PCP.
«Os transportes públicos, a poupança e a eficiência energética e as fontes renováveis com preferência pelos recursos endógenos e respeitadores do equilíbrio ecológico», o «produzir local, consumir local» e a «revogação dos Projecto de Interesse Nacional», são outras das prioridades do PEV.

Ler deputado Francisco Madeira Lopes IN
http://sol.sapo.pt/PaginaInicial/Politica/Interior.aspx?content_id=128909

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