16/06/2009

Agricultores urbanos de hortas biológicas

A horta está situada num dos terrenos outrora mais férteis e cultivados do concelho e onde quase só existiam silvas e ervas. Por cinco euros anuais, os candidatos ficam na posse de uma parcela de terreno de 50 metros quadrados, apenas com a única obrigação de nela cultivarem couves, favas, ervilhas, batatas, cebolas, maracujás e meloas, tomates e pepinos.
As primeiras hortas começaram e ser cultivadas em Outubro de 2008 mas, menos de um ano depois, não há espaços vagos e a variedade de legumes e hortaliças surpreende. O projecto inicial previa espaços maiores mas o número de candidatos ao aluguer de terrenos fez com que ao tamanho das hortas fosse 'reduzido'. Há de tudo no terreno e a Câmara de Guimarães oferece também a água para a rega.


A ideia essencial passa por incentivar a prática da cultura biológica, permitindo à população um contacto com a natureza e uma melhor consciência ecológica. A utilização de fertilizantes está sujeita à apreciação prévia dos serviços técnicos do pelouro do ambiente. Este conceito de hortas pedagógicas custou 600 mil euros, mas é “uma forma de participar activamente na preservação e na revitalização da natureza urbanas”.
As primeiras candidaturas foram de um grupo de economistas. Depois juntaram-se operários, médicos, professores, enfermeiros, reformados e juízes. Mas a diferença de profissões não interfere na agricultura. O colorido dos legumes e flores semeados, faz das pequenas hortas um enorme jardim.
“Aqui somos todos agricultores. Trocamos sementes, legumes e flores e gozamos o prazer de cultivar a terra”, contou uma operária de calçado desempregada e ‘dona’ de um canteiro na Horta Pedagógica de Guimarães. “Não percebia nada de agricultura quando me candidatei à horta, mas depois de comer as primeiras alfaces que semeei, as ervilhas e as favas, percebi que tinha um agricultor dentro de mim", referiu um tipógrafo encadernador reformado. E “eu só trato das flores e tenho muitas e bonitas”, salientou a sua esposa. “Ó vizinha, dá-me um pezinho de salsa e eu dou-lhe um pé de pepinos”, pediu um agricultor de fim-de-semana. “Podia era dar-me uns pezinhos de alface para plantar”, reclamou a 'inquilina’ do terreno ao lado. Negócio fechado, o cultivo continua.
“É uma terapia para o stress e que leva a grandes discussões científicas como por exemplo, qual é a melhor semente de pepino”, disse uma enfermeira do hospital de Guimarães que sai do emprego e vai, a pé, até à sua horta. “Ando descalça, tiro ervas daninhas. Converso com as plantas e hoje, estive a colocar estacas nos tomates”.
“São pessoas que querem cultivar um terreno pelo prazer de lidar com a terra” e outros por necessidade”, frisou o vereador dos Serviços Urbanos e do Ambiente na Câmara de Guimarães. “No mercado municipal já se deve notar um quebra na venda dos legumes tal é a quantidade de legumes que se colhem na horta”.

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