07/07/2015

Declaração Política do PEV sobre reforço de pessoal não docente nas escolas, 7 de Julho de 2015


 
            Srª Presidente, Srs. Secretários
            Srs. Vereadores e Srs. Deputados

«Os Verdes» trazem hoje a esta Assembleia uma declaração política sobre a questão do pessoal não docente nas escolas.

Muitas escolas têm falta de pessoal não docente e este é um problema que afecta a qualidade do serviço público podendo, nalguns casos, chegar mesmo a afectar a segurança dos alunos e até comprometer o cumprimento da legislação específica sobre higiene e segurança nos estabelecimentos de ensino.

É sabido que a escola pública tem falta de profissionais qualificados para trabalhar com os alunos, sejam professores, auxiliares, psicólogos ou outros, e que os profissionais que trabalham nas escolas têm visto as suas condições de trabalho degradarem-se por causa das políticas do Ministério da Educação.

Perante isto, e uma vez que os directores das escolas têm solicitado a abertura de um concurso para contratação de novos assistentes operacionais, seria natural que o Ministério da Educação dotasse as escolas de meios humanos adequados e suficientes.

Mas não. Ao mesmo tempo que não faz nada para colmatar esta carência, ainda reduz o corpo não docente nas escolas, ou contrata pessoas que estão desempregadas e que são recrutadas pelos centros de emprego para executar tarefas de vigilância. Muitas destas pessoas poderão nunca ter trabalhado numa escola, nem ter formação, vocação e sensibilidade para essa função. E depois, quando termina o ano lectivo, os contratos também terminam, não podendo ser renovados.

Estas soluções até poderão responder no momento a algumas necessidades, mas estão a adiar a necessidade de uma intervenção profunda e definitiva sobre esta problemática.

Também importa salientar que tem havido outras medidas que em nada vêm beneficiar o funcionamento das escolas, como por exemplo os assistentes operacionais terem novas funções, nomeadamente no reforço do seu papel de coeducadores, mas terem que continuar a exercer, integralmente, as funções de auxiliares de acção educativa, e também a criação de mega-agrupamentos ter tornado muito mais complexa a gestão dos recursos humanos não docentes.

Não nos podemos esquecer que também houve um aumento generalizado do número de alunos por turma em cada sala, redução do número de professores um aumento e diversificação da oferta educativa.

Por si só, estas alterações justificariam uma actualização do número de trabalhadores não docentes nas escolas mas, mais uma vez, o Governo ignora as necessidades das escolas e, inclusivamente, ignora pareceres emitidos pelo próprio Conselho das Escolas, ou seja, o Ministério da Educação não pode dizer que não sabia destes problemas. Sabia e optou por ignorá-los e nada fazer para inverter a situação.

Mas não ficamos por aqui. Também não está prevista a dotação de pessoal auxiliar, com formação e vínculo, para apoio aos alunos com necessidades educativas especiais e nem se considera a dotação de técnicos na área informática nem para escolas profissionais e artísticas. 

Face a esta realidade, está à vista que o Governo é o único a não querer reconhecer as enormes dificuldades que ele próprio impôs às escolas.

Como se toda esta situação não bastasse, lembrou-se agora o Governo de anunciar uma nova medida: através da alteração de um diploma que estabelece as normas sobre o recrutamento para as equipas de zona de vigilância nas escolas, vai ser possível contratar militares na reserva para essas funções.

Parece-nos, portanto, que esta medida é completamente inaceitável.

Ter elementos das Forças Armadas a fazer a vigilância nas escolas pode trazer vários problemas, que o Governo parece ter querido esquecer, mas que não podem ser ignorados.

Se há carência de pessoal não docente, o Ministério deverá contratar pessoal habilitado e em número suficiente para colmatar as necessidade e garantir um bom funcionamento das escolas, e não contratar militares, que estarão envolvidos em acções e actividades para as quais não têm formação e não nos podemos esquecer que o ambiente nos recreios das escolas é completamente diferente dos ambientes a que os militares estão habituados, podendo estes não ter preparação pedagógica para essas funções.

Por tudo isto, parece-nos que esta medida não vai contribuir em nada para resolver o problema, mas poderá agravá-lo e trazer novos problemas associados. Consideramos que esta não é a opção mais correcta e ajustada, e é necessário haver um efectivo investimento na escola pública, de qualidade e segura, dotando-a dos necessários recursos humanos, contratando, para o efeito, trabalhadores com formação na área, de forma a responder às necessidades de funcionamento das escolas nas devidas condições e em segurança para toda a comunidade escolar.

É nesse sentido que fazemos esta declaração política e que, através de uma recomendação, propomos que a Câmara Municipal de Lisboa defenda o reforço de pessoal não docente habilitado e em número suficiente nos estabelecimentos de ensino e que rejeite a possibilidade de contratação de militares na reserva para fazer vigilância nas escolas, uma vez que é desejável que esta função seja exercida por assistentes operacionais com formação para o efeito.

           Cláudia Madeira
           Grupo Municipal de “Os Verdes

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